O cinema foi o principal meio de propagação de modismos que atingiu o mundo ocidental, conquistando os corações e as mentes do público espectador que se inspirando em seus astros e estrelas favoritos, passou a querer imitá-los. O estilista francês Hubert de Givenchy ficou mundialmente famoso quando vestiu pela primeira vez Audrey Hepburn em "Sabrina"(dir. Billy Wilder, EUA,1954), filme que recebeu o Oscar de Melhor Figurino - em produção preto e branco - para Edith Head, considerada a "papisa dos figurinos" nas décadas de 1950-1970.
Nos filmes de Audrey Hepburn, o figurino é um instrumento narrativo notável. Em “Sabrina” (1954) é possível perceber a volta conservadora de valores que pareciam ter sido abrandados no período de guerra. A mulher do pós-guerra retornou ao ambiente domestico e precisava cada vez mais dedicar-se a um padrão beleza. A construção de um ideário de mulher norte americana foi feita principalmente pelo mundo da moda. O corpo revestido pode ser considerado uma figura que exprime a relação do sujeito com o mundo. (CALANCA, 2011).
Cristhian Dior, inspirado na estética de 1860 da Era Vitoriana, lançou o “New look” em 1947 que marcaria toda década de cinquenta. Os modelos fugiam das características utilitaristas propostas anteriormente, onde a roupa era criada com poucos detalhes e silhueta econômica para maior mobilidade da mulher no ambiente de trabalho. Com o “New Look” a tradição volta a ser aplicada, propiciada por um período de retorno a estabilidade econômica e, portanto, o apogeu da alta costura.
As mulheres dessa época se veem deslumbradas com a moda de luxo que contava com até 25 metros de tecidos por criação. Incialmente, foi alvo de muitas criticas pelo excesso em um período de pós-guerra. No mundo cinematográfico, esse estilo foi totalmente incorporado nas produções e em “Sabrina” é notório a inserção da personagem nesse novo mundo estético trazido por Dior. Como é ressaltado por ele, o costureiro tem a função de transfigurar com pompa e expectativa, já que a fada madrinha da Cinderela se aposentou (DIOR, 1957).
O filme narra a história de Sabrina, uma mulher desacreditada e insegura diante da sua posição social. O amor pelo patrão fez com que sentisse cada vez mais desacreditada e invisível dentro do ambiente de luxo. Após passar dois anos em Paris e ter contato com a moda vigente, retorna aos Estados Unidos como uma jovem madura e sofisticada.
Os papéis de Audrey sempre estiveram vinculadas estórias de “Cinderela” referindo-se a transformações pessoais e sociais através da moda e criação de um ideário de mulher perfeita. Essa questão é predominante na cultura ocidental até os dias atuais. Entender as influencias midiáticas no comportamento feminino e todas as imposições sociais ainda notórias, é de extrema importância para romper com esse ideal e criação de ícones de comportamento.
Recomendação de leitura:
Calanca, D. História Social da Moda. Editora: SENAC, São Paulo.
Dior, C. Conferências escritas por Christian Dior para Sorbonne, 1955-1957. Editora: Martins Fontes.
Caroline Lardoza Diniz, cursa o 5° período de História pela UFRJ, é integrante do LHISCA (Laboratório de História, Cinema e Audiovisualidades). Possui interesse em História da moda, América Contemporânea, Cinema e História dos Estados Unidos. É bolsista PIBIC pela mesma instituição.
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