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É o ciclo sem fim


Fotografia: Henri Cartier-Bresson

Quantas pessoas estão com medo nos dias atuais? Quantos de nós não conseguimos dormir por receio do que pode acontecer a qualquer momento? Observamos, praticamente todos os dias, indivíduos dando fim à própria vida, mulheres sendo violentadas - a maioria dentro das próprias casas -, crianças, adolescentes e jovens adultos sem perspectiva de futuro, indecisos, que se deparam com exemplos de homens ignorantemente “sábios”, indivíduos negros, indígenas e/ou LGBTS morrendo por intolerância. Por puro preconceito. Tantos exemplos...


Observamos diariamente a disputa por saber qual deus sabe mais, qual deus ama mais, qual a melhor conduta a seguir, segundo os preceitos de um deus; e se ama a um deus, mata os outros que não se ama. E comemora-se essa morte, como quando um atleta ganha uma medalha de ouro. E comemora-se essa morte, como quando um atleta ganha uma medalha de ouro. Triste, não? Depende. Para alguns, bandido bom é bandido morto mesmo. Mas se for ele ou alguém da sua família, aí a figura muda de lugar.


Esses acontecimentos diários, que ocorrem há mais tempo do que imaginamos, continuarão se nós mesmos não nos mudarmos. Dizem que o mal do homem é o egoísmo, e que este cairá por terra sempre que o mundo der suas voltas. Com todas as citações acima, não ouso em discordar. Um reconforto, talvez... Mas o fato é este: Tudo é cíclico. Cientificamente e moralmente falando.


Citarei um exemplo didático. Em uma tirinha publicada na revista “Turma da Mônica”, do

autor Maurício de Sousa, o personagem Horácio (representado por um filhote verde de Tiranossauro Rex) em sua caminhada habitual, depara-se com um osso gigante no solo. Refletindo sobre o objeto encontrado, ligeiramente surpreso, este diz: “Oh! Um fóssil! Pensar que isso aí foi parte de um grande animal! ‘Passeou’ por ai há milhares de anos! Talvez milhões! Sustentou toneladas de carne e músculos! Provavelmente de um grande carnívoro! Um feroz e gigantesco monstro! Espalhando terror, pânico! Maior e mais violento do que todos do seu tempo! É! Deve ter aprontado horrores!”. E sentado, recostando-se no fóssil, finaliza: “Tudo tem seu tempo”. Analisando essa tirinha, observamos que somos falhos; que tentamos impor sobre os demais as nossas crenças e idealizações, mas tudo isso em vão, pois um dia também seremos apenas mais um fêmur encontrado abaixo do solo. Neste pequeno monólogo reforçamos também que todos os acontecimentos têm sua ação e consequentemente sua reação. O caos de muitos anos reflete no que

somos - e como estamos - agora, assim como nossas escolhas de hoje refletirão sobre o amanhã.

É o ciclo sem fim.


Júlia Marson Marquioli é Mestre em Reabilitação Física pela Universidade Estadual de Londrina e Graduanda do curso de Letras pela União das Faculdades dos Grandes Lagos, de São José do Rio Preto.

Atua como Fisioterapeuta na cidade de Olímpia-SP, e é autora freelancer com a página virtual "De repente Júlia" pelas redes sociais (Instagram) e pelo blog do Tumblr. 


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