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Amor à Camisa? O uso político do Futebol no Bolsonarismo


Fotografia: Sebastião Moreira

Desde o momento em que passou a pleitear a faixa presidencial, o então deputado Jair Bolsonaro buscou sempre aproximar sua imagem aos clubes de futebol, para isso tornou-se presença constante em estádios e vestiu camisas dos mais variados clubes. Essa postura atraiu inúmeros adeptos no ambiente machista do futebol e foi importante para angariar votos na corrida eleitoral, não raras foram as vezes em que atletas fizeram “arminha” e exaltaram a figura do “Mito” ou que seu nome foi entoado por torcidas. A relação com o futebol não se findou com a vitória no pleito de 2018, seguindo a prática de que em time que está ganhando não se mexe, Bolsonaro seguiu usando o futebol como plataforma política, quem não se lembra do presidente com uma camisa falsificada do Palmeiras? Clube pelo qual Bolsonaro se diz torcedor, todavia, como acima citado, há registros dele com camisas de muitos outros clubes, será que esse amor é tão sincero quanto a admiração do presidente pelo ex-ministro Sérgio Moro?


A prática política de associar-se ao esporte é antiga, Vargas, Perón, Franco, Salazar, Hitler, Mussolini, Médici, Videla, Fidel, Macri e Lula fornecem bons exemplos de que seja na direita ou esquerda, sejam em ditaduras ou em democracias, o esporte sempre é capaz de produzir consenso em torno de um regime. Os políticos acima citados, sempre buscaram alinhar os triunfos esportivos de seus países ou clubes do coração aos êxitos de seus governos. No entanto, o mandatário brasileiro parte para uma linha que o difere dos demais, visando solidificar a sua política contrária ao isolamento social, que já se mostrou um erro com repercussão internacional, Bolsonaro defende veementemente o retorno dos jogos de futebol pelo país e encontra na CBF, nas Federações Estaduais e na direção dos Clubes porta-vozes para essa decisão prematura em meio ao caos da saúde vivido com a pandemia da Covid-19.


Ao tomar abertamente essa postura Bolsonaro age de acordo com os interesses

da elite que comanda o futebol brasileiro, executando a sua política alinhada ao grande

capital, sem se importar com todas as ações e indivíduos necessários à realização de

uma partida de futebol. E lembra dos jogadores que fizeram “arminha” em 2018? Nesse

jogo de interesses são eles a ponta mais fraca, a parte assalariada que vende sua força de

trabalho para o grande capital que o governa, se não entra em campo, não tem como

receber, se bem que, salários em dia e futebol raramente andam juntos no Brasil.


Alexandre Vinícius é licenciando em História pela Universidade Rural, campus Seropédica.

Suas pesquisas são voltadas sobretudo ao uso político do futebol, principalmente nos regimes autoritários do Cone Sul no século XX, além de possuir trabalhos voltados para a análise do racismo estrutural refletido em goleiros negros no futebol brasileiro. Desenvolve meu TCC acerca das Confederações nacionais de Brasil e Argentina durante as ditaduras militares do país.  Sua área atuação é a América Contemporânea.

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